quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A mesma mente que se abre por um lado, mantém-se fechada por outro...

Já dizia Eistein: "A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original." Pode ser que não volte ao tamanho original, mas muitas pessoas não conseguem enxergar além. Da mesma forma que o livros abrem a mente, se a leitura for sempre em cima do mesmo autor, a pessoa fica cega para outras perspectivas e novos olhares sobre um determinado assunto.
Enxergo seres muito intelectualmente desenvolvidos, aliás, eu era uma fã de grandes intelectuais, até que aprendi que o intelecto desprovido de emoção é sem graça e vazio. Algumas pessoas estudam, estudam, estudam e só enxergam o que estudam, reproduzem as teorias como um computador, com uma velocidade voraz, dominam uma área: no entanto, não conseguem se distanciar por um momento sequer da segurança do que decoraram ou acreditam, como máquinas.
Não podem ser questionadas, criticadas e a qualquer oposição tornam-se agressivas e menosprezam o outro e suas idéias.
Há bastante tempo venho lendo Freud,tentando ler sua teoria complexa, instigante e profunda. Venho estudando, fazendo análise para vivenciar a teoria e me manter de alguma forma sempre conectada ao meio psicanalítico. Por outro lado, busco ler os críticos de Freud, ou melhor, da teoria do Freud. Gosto da psicanálise, mas sei que existe a esquizoanálise com outro olhar. Gosto do Freud, mas sei que existe Jung, que também tem outra visão.
Na filosofia, existem teorias e a partir delas, existem teorias opostas, que permitem a expansão do pensamento, da criticidade e da possibilidade desse pensamento ser construído e reconstruído, numa dialática permanente.
No entanto, na maioria dos meios psicanalíticos que encontro, parece que há uma estagnação do pensamento freudiano. O mais interessante é que sou a fã número um do Freud, mas não preciso ser uma fã cega e que não consegue criticar, mesmo que seja para compreender de forma mais profunda, posteriormente.
Usa-se uma teoria que fala de bloqueios, da incapacidade de ver o outro e que traz conceitos de que o indivíduo, busca na terapia, ser cada vez mais ele mesmo. Mas o que vejo é exatamente o contrário: qualquer comentário que se afaste da comodidade dos conceitos teóricos assusta e traz à tona defesas e negações impressionantes. Dependendo de quem apresenta o assunto, questionamentos podem ser imperdoáveis e desagradáveis, participa-se mas é preciso cuidar com o que se fala.
Entra-se em um novo curso, os mais estudiosos parecem que fazem questão de mostrar o quanto sabem da teoria e os novatos que se fiquem atentos, pois qualquer comentário infeliz pode ser fatal.
Na busca de novos teóricos pós- freudianos, qualquer comparação com o "mestre" é vista como uma afronta e é acompanhada de defesas ferrenhas acima da teoria clássica, como se no entendimento teórico estivesse garantida toda a aquisição de sensibilidade e emoção que subjaz a psicanálise. Torno a pensar na importância do silêncio e seus benefícios, mas de alguma forma preciso compartilhar. Afinal, como ele dzia: "Nenhum homem é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos" . Sigmund Freud
Lendo Bion, que é de origem indiana, fiquei pensando na influência da sua descendência e na abrangência do pensamento oriental ,ao enxergar o mundo de uma forma mais ampla , em que não há tantos conceitos fechados ou definições estanques, além de privilegiar o momento presente. Além das relações com algarismos que ele estabeleceu para o aparelho psíquico...
Acredito que, quando estudamos determinada área, podemos sim, ir acrescentando conhecimentos novos- sem ter que descartar os anteriores, como se tudo tivesse sempre que ser uma antítese e não um complemento- que vai formar um todo maior e com mais sentido.
Enfim, venho dividir meu pensamento com meus amigos, para que eu mesmo não me torne uma bitolada e que possa ter coragem de confrontar minhas crenças e, se possível, transcendê-las..