domingo, 10 de julho de 2011

Tolstoy: A última estação

Ontem comecei a assistir o filme The Last Station, baseado no roteiro de Jay Parini e dirigido por Michael Hoffman. Na medida em  que o filme acontecia, fui observando atentamente o personagem de Helen Mirren, que representa a esposa de Tolstoy. Um personagem do tipo insuportável, daqueles que dá vontade de dizer: sai daí sua manipuladora! No entanto, remetendo-me à psicologia, lembrei-me imediatamente de que se há uma esposa "louca", existe também seu marido "não tão normal", que a complementa.
Percebemos a sociedade pregar: fulano trai a mulher, ciclana é uma esposa repressora, enfim, vários esteriótipos sobre um dos cônjuges, como se o outro fosse um santo, um injustiçado, que é obrigado a conviver com ele/ela, o que não é verdade. Enquanto pensava na personagem e em como ela interferia nas idéias do marido, no quanto ela se opunha aos seus grandiosos ideais teóricos, ficava evidente que por outro lado existe também uma mulher que tem direito de "existir" dentro da sua relação íntima com seu marido, seja ela como for. Enxergamos os fatos sempre como se houvesse uma vítima e um carrasco, um certo e um errado; devemos ficar muito atentos a que modelos protegemos, de que lado nos colocamos e por que defendemos um determinado papel, tanto nos filmes quanto na vida real.
Percebemos no filme que há um Tosltoy escritor, mas que desempenha outros papéis, de pai, marido, amigo e humano, que nem sempre segue suas próprias teorias.  Fica evidente o quanto a mulher é ambiciosa, manipuladora e dependente e ele um ser  admirado, visto como um mártir por seus seguidores, mas suas contrariedades não são lidas nos seus escritos. Me pergunto: quantas vezes as pessoas se envolvem nos relacionamentos alheios em nome da justiça, em nome de defender o "bonzinho" da história. É claro que não vamos permitir ou defender as agressões que as pessoas sofrem, mas perceber que existe uma trama que é formada pelos dois e que ambos são vítimas de suas próprias emoções descontroladas, pois não conseguem impor limites a si próprios e fazer as escolhas mais adequadas. Quando nos identificamos com Tolstoy é interessante refletir se nos identificamos mais com o nobre escritor contraditório que tem aparência de pobre coitado ou a sua esposa descontrolada que luta pelo que acredita e é autêntica (e muito, muito chata)?
Nos identificamos com o personagem que somos, que gostaríamos de ser ou o socialmente mais adequado?Conseguimos enxergar as pessoas e os atores de forma neutra?

Um comentário:

  1. Compartilho da discussão apresentada...

    A relação é feita a dois, quando a liberdade de um começa, termina a de outro?!

    Devemos aprender a respeitar ao outro, pois na diversidade esta a riqueza da troca e do crescimento intelectual, emocional e espiritual.

    No casamento as pessoas devem estar atentas para: estamos juntos porque queremos ou porque dependemos um do outro?

    Um casal precisa ter duas pessoas inteiras e diferentes uma da outra.

    Também diga não a rotina e mantenha a sua própria vida mesmo que conviva com o outro.

    Ser feliz não significa ficar o tempo todo em estado de graça!!! É preciso ter coragem de enfrentar mudanças e diferenças.

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