terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Torna-te mais!


Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça...

Mário Quintana

Hoje não estou inspirada, não porque me falte o que escrever, mas porque estou em um momento de reconstrução.
Quando eu era pequena me ensinaram que não se muda de idéia e tenho aprendido que a melhor coisa da vida é mudar de idéia, mudar quem se é, quando não está dando certo.
Se resolvemos mudar o caminho que estávamos seguindo é porque aquele caminho, daquela maneira, chegou ao fim.
Dá um alívio e uma dor quando algo chega ao fim. Temos alívio porque acabou e temos dor pela ausência do que tínhamos, que de alguma forma nos enchia.
Só que nesse saco de coisas que vamos colocando na nossa vida, muitas das coisas que carregamos e mantemos são só bugigangas.
Abrir-se para o novo é de certa forma, perder o que já se tem.
O fim não precisa ser uma término, pode ser um recomeço.
Um recomeço pode ser com as mesmas pessoas, mas também pode ser em um cenário novo, com novos atores.
Somos tão apegados e queremos que as coisas não mudem nunca mais e ficamos presos ao que não precisamos.
Ficamos presos a pessoas, a idéias, a um momento feliz do passado, a um comportamento que não nos acrescenta em nada...
Mudar de idéia, mudar de rumo é para aqueles que não se acodmodam e que se dominam, que escolhem, são livres.
Querer mais não é só para os insaciáveis, para os teimosos.
Quando somos pequenos, nossa família, nossos colegas, nossos amigos vão nos dizendo tudo que pensam e as pessoas que mais gostamos nos deixam marcas gravadas.
Acreditamos que elas são nossas, mas nem questionamos quando crescemos, se aquelas idéias e aquela maneira de ser fazem sentido para nós, elas apenas estão lá.
Existem pessoas que dizem:sou assim. Não vou mudar.(Como assim?Deveríamos mudar sempre sim!)
Começamos a trabalhar e aprendemos técnicas, passamos a usar as teorias na prática e não questionamos, não pensamos em mudar, em evoluir, mas em repetir.
Vamos a uma religião e nos encontramos, chega um ponto que estamos de novo tentando nos enquadrar, pois não vamos nunca nos adequar plenamente no ideal de um outro, fomos feitos para seguir nosso próprios.
Como se houvesse um lugar pré-definido para cada um e um limite para que a gente se expanda.
O limite é dado por nós!
Acreditamos que o que os outros inventam tem valor, mas que nossas potencialidades são restritas.
Nos tornamos máquinas, que repetem, que buscam fazer perfeitamente o que alguém inventou e que muitas vezes nem ouve mais o coração.
Foi descoberto que o coração é parecido com o cérebro, que também sente, pensa, o que todos nós sabíamos- porque dá um aperto nele quando está tudo doendo e porque ele explode batendo quando somos felizes.
No entanto, temos que conviver com conceitos limitados que não englobam a grandeza do que somos, pois pouco se sabe sobre nossa mente e nosso coração (afetivamente falando).
Se não é comprovado não tem valor, mesmo que eu sinta diferente.
Temos padrões mentais, coisas que já tomamos como nossa forma de pensar e usamos eles para todas as nossas decisões, como um local onde guardamos nosso valores, desejos e sonhos. Pode ser uma caixinha preta que guardamos há muito tempo num armário, bem no fundo.
Quando precisamos decidir algo, vamos lá e damos uma olhadinha nessa caixa.
Será que essa caixa ainda combina com quem somos hoje?
Será que o que guardamos na caixa nos faz bem?
Será que a caixinha preta está dando certo?
Fomos feitos para mudar, para pensar, mas será que muitas vezes não andamos como cavalos encilhados?

Recomeça... se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.

Miguel Torga

Se desestruturamos as questões mais centrais da nossa vida nos perdemos e precisamos começar tudo de novo, que complicado.
Pensar diferente, ser diferente, viver diferente, agir diferente.
Dar chance ao novo.
Tem momentos em que a vida nos cerca de todos os lados e alcançamos só dor, seja qual for a estrada que escolhemos.
Quando chega nesse ponto é porque essa trilha, esses pensamentos e essa forma de ser está errada.
Simplesmente é uma escolha errada.
Todas as escolhas são nossa responsabilidade.
Precisamos dar a volta, fazer o contorno, analisar tudo e pegar outra estrada.
Na vida, existem uma série de estradas que surgem a cada dia, a cada tempo, umas mais difíceis de chegar, outras mais longas de percorrer...
O caminho mais certo é voltar-se pra dentro.
Quando nos sentimos seguros podemos perceber que a segurança é o que está nos matando, pois a vida é cheia de incertezas, medos e recomeços, somos seres dinâmicos e quando negamos a impermnência das coisas com uma falsa sensação de controle, nos perdemos.

A cada nascer do sol há um novo começo e podemos escolher fazer tudo de outra maneira...



Você me pergunta: que que eu faço? Não faça, eu digo. Não faça nada, fazendo tudo, acordando todo dia, passando café, arrumando a cama, dando uma volta na quadra, ouvindo um som, alimentando a Pobre. Você tá ansioso e isso é muito pouco religioso. Pasme: acho que você é muito pouco religioso. Mesmo. Você deixou de queimar fumo e foi procurar Deus. Que é isso? Tá substituindo a maconha por Jesusinho? Zézim, vou te falar um lugar-comum desprezível, agora, lá vai: você não vai encontrar caminho nenhum fora de você. E você sabe disso. O caminho é in, não off. Você não vai encontrá-lo em Deus nem na maconha, nem mudando para Nova York, nem.

Caio Fernando Abreu

Um comentário:

  1. A única certeza é de que diante da dúvida toda a certeza deve ser desprezada. Vivemos num mundo de incertezas,vamos andar no incerto, no escuro, correr riscos, se aventurar, curtir a impermanência inerente á vida. A dúvida é um atalho para a inteligência, sem a dúvida não há o que aprender.(Belo post bá, e disse que não estava inspirada, imagina qndo estiver...Aguardemos) Renan Pimentel.

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